OBJETIVOS:
1- Estimular a construção do número de O a 10.
2- Estímulo à construção do número pela contagem feita pelo esquema um a um, no uso da relação de um objeto associada à soma de pontos apresentados pelos dois dados, ao todo.
3- Conceitos de mais e menos e de maior e menor.
4- Conceito de esvaziamento relacionado à operação tirar.
5- Desenvolvimento da atenção e da disciplina.
6- Reconhecimento dos direitos alheios e respeito às regras impostas pelo grupo.
Números de Jogadores:Quatro jogadores, sendo indispensável a presença do adulto participante, menos nas primeiras vezes.
MATERIAL:
1. Um campo desenhado sobre uma cartolina, com quatro laranjeiras, com dez laranjas cada árvore.
2. Uma cesta com dez espaços destacados é desenhada ao lado de cada laranjeira.
3. Dez fichas, de cor laranja, marcam as frutas sobre cada árvore no início da partida (40 fichas ao todo).
4. Um copo e um dado.
OBSERVAÇÃO:
As fichas, de cor laranja ou amarelas, podem ser substituídas por laranjinhas, de massa de papel e cola, feitas pelas crianças ou por botões de roupa com esse formato.
REGRAS:
l. Um dos participantes, escolhido pelo grupo, por critério decidido entre eles, inicia a partida.
2. De acordo com o número apontado pelo dado, o jogador retira as laranjas de sua laranjeira e as coloca sobre a cesta desenhada ao lado.
3. O jogo continua até que um dos jogadores consiga encher sua cesta.
4. Vence o jogador que conseguir colher primeiro todas as suas laranjas. É comum continuarem jogando para ver quem "ganha" em segundo lugar e também em terceiro.
PISTAS E DICAS QUE AUXILIAM A IDENTIFICAR OS ESQUEMAS DE RACIOCÍNIO EMPREGADOS
Reações típicas sensório-motoras, anteriores a 4 anos:
1)- Mesmo que eventualmente, se mostre interessada pela brincadeira, ela não consegue relacionar o número de pontos do dado ao número de laranjas.
2)- Mesmo que aparentemente, consiga entender a regra do jogo, ela não relaciona o número de pontos do dado, com exatidão, ao número de laranjas a ser retirado.A contagem recitativa não corresponde ao número de objetosapontados. O prazer é exclusivamente sensório-motor, de manipulação de peças.
Reações típicas pré-operacionais de 4 a 5 anos e meio:
1)- A contagem das laranjas é realizada em confronto direto com o número de pontos apontados pelo dado, um a um. Esse fato nos mostra que essa criança não construiu ainda o conceito de número, ela não associa a expressão oral, o termo falado, a uma quantidade definida.
2)- A contagem recitativa é forte e marcada pelo ritmo da frase melodiosa e geralmente acompanhada com os dedos, apontando, um a um, os pontinhos do dado. A mesma contagem melodiosa é repetida e acompanha a ação de retirada das fichas (laranjas), uma a uma. Havendo interrupção da contagem recitativa, a criança se perde e precisa começar tudo do início, uma prova de que ela ainda não conserva a imagem mental do número.
3)- Enquanto a criança manifestar essa forma de procedimento, ela mostra não ser ainda capaz de operar o total. Ela é pré-operacional, de primeiro nível, ainda muito apegada à percepção visual e tátil. A motivação do jogo é fundamentalmente a de manipular objetos, prazer sensorial.
Reações típicas pré- operacionais a partir de 5 ou 6 anos:
1)- A aferição do número mostrado pelo dado já é realizada com maior autonomia, mais desprendida da contagem, um a um, dos pontinhos mostrados.
2)- A contagem das laranjas, embora ainda apoiada na recitação dos números na sua ordem natural, é mais fluente e desprendida da comparação rígida ao número de pontos mostrados pelo dado. Não exige aproximação.
3)- A criança pré-operacional de segundo nível já demonstra emoção, comparando o seu resultado dos outros jogadores. Percebe quem está ganhando e se excita muito com o sentimento antecipado de uma possível vitória. Já existe uma cooperação mútua nascente. Já há uma saída do seu egocentrismo inicial.
4)- A partir do que ela vê e manipula, ela consegue pensar e criar expectativas, mas ainda é pré-operacional.
CONCLUSÃO:
Será, portanto, absurdamente, inadequado e, de todo inútil, submeter uma criança, que ainda não consiga conservar o número e não opere, à realização de “continhas" armadas no papel. A Escola Natural, por mim defendida, só admite que o registro escrito seja feito quando ele puder ter um significado conceituai estabelecido, sobre o qual se assente. Antes disso, escrever e fazer continhas (precocemente) é desaconselhável por ser prejudicial ao desenvolvimento do raciocínio. Leva a criança a memorizar respostas prontas, com o intuito, exclusivo, de agradar ao adulto. Esse processo gera automatismos, criados com o fim de evitar a necessidade raciocinar.